quarta-feira, 28 de novembro de 2007

south express

Tenho muitos km’s no corpo... Muitos com a mesma origem e destino. Há muitos anos que é assim.


Detesto ler nestas ocasiões por isso muitas destas viagens são aproveitadas para pôr o sono em dia (aliás, grande parte deles!) ou para sonhar acordada, de olhos fechados.


Só quando não encontro uma posição confortável no meu lugar, ou os “companheiros de jornada”, os outros passageiros, não o permitem. E meus amigos, há gente muito aborrecida. Muito mas muito chata!!


(É o caso agora... Escrevo enquanto percorro estes km’s)


E esta gente maçadora consegue ser criativa – conseguem “torrar-nos” a paciência de muitas formas. Há de tudo um pouco. Vai desde o “caramelo” do banco de trás que, certamente de mal com a vida, teima em dar umas joelhadas/ cabeçadas (é verdade! Já aconteceu!) no meu banco e consequentemente nas minhas costas; há o amigo da frente que encosta o banco totalmente para trás forçando-me a identificar qual o champô que (não) usa, tal é curta distância entre o meu nariz e a sua cabeça; também há a versão do vizinho do lado que gosta de se encostar (e vocês sabem como sou quando se encostam a mim...); temos os surdos (peço desculpa a todos os que efectivamente têm uma deficiência auditiva) que não conseguem conversar ao telemóvel e por isso levantar a voz, e todos - mesmo os que não estão interessados - ficam por dentro do assunto, isto para além de geralmente escolherem uns toques de telemóvel medonhos, num volume ensurdecedor e de demorarem séculos a atender; e temos quem os friend-makers, que rapidamente querem estabelecer laços, desatam a contar a vida toda e dificilmente alguém os consegue calar...


Devo confessar que já tive surpresas com este último “tipo” de passageiro. Uma senhora que depois de me contar a vida toda (lá está!), percebemos que tinhamos família na mesma zona no Norte e por isso me ofereceu um “pãozinho dos bons”!


Também já tive a versão do “a sua cara é-me tão familiar.. não nos conhecemos de algum lado?” e que eu com a minha “simpatia” natural respondo “NÃO!”. Além de sempre me terem ensinado a não falar com estranhos, sei bem que se der conversa nunca mais acaba! Nunca mais acaba mesmo e não há paciência! Por exemplo, numa destas vezes, nem o facto de ter pedido à hospedeira uma almofada demoveu a vizinha do lado – eu queria dormir!!


Hoje tenho a versão da vóvó-cheia-da-pica-e-tudo-e-tudo que não só não se cala para a vizinha do lado, como já fala para a vizinha do outro lado do corredor – ela domina a fila dela!!! Recordou viagens dos “bons velhos tempos” (whatever that means...) e já todo o autocarro sabe a sua vida, do saudoso e falecido marido, de como as bainhas abertas, o crochet e as malhas são importantes, que conduz para todo o lado, que é uma vóvó super animada, cheia de energia e muito para a “frentex”. Admiro esta terceira idade cheia de força! A senhora é mesmo amorosa! Mas não percebo a necessidade que algumas pessoas têm de contar a vida toda ao primeiro vizinho que lhe aparece.


(Apercebi-me de que a vizinha de trás está particularmente interessada no que estou a escrever... Devo chamar-lhe nomes agora?!)


Nestas viagens já me aconteceu de tudo um pouco...


E sim, hoje estou particularmente rabugenta, refilona, com o meu mau génio no auge... Dormi mal. E ainda falta um bocado para chegar.



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