segunda-feira, 1 de setembro de 2008

dessins d' écrivains

Começou hoje no CCB uma exposição diferente: uma exposição feita de pinturas, colagens, desenhos assinados por quem não se ficou pelas linhas escritas nos seus livros. Desenhos de Escritores.

São desenhos de escritores que aqui são apresentados como artistas plásticos. Não senti que a exposição mostrasse o lado genial das suas criações plásticas, entendi antes como o outro lado de quem cria e, neste caso, escreve. Se há momentos em que se sente a escrita longe do desenho, vemos em vários artistas uma proximidade, como é o caso de Almada Negreiros (que gostei muito de ver na exposição).

Hoje na inauguração estava imensa gente, algumas figuras que nunca tinha visto por lá, alguns jornalistas, operadores de câmara, fotógrafos e flashes que nos impediam de ver a exposição na paz que a ocasião pede e eu gosto.

Acabámos por nos libertar de alguma multidão quando decidimos avançar uma parte... E aí consegui respirar e ver tudo com mais calma, no fim regressei onde tinha ficado no início.

Entre os trabalhos que mais gostei de ver estão os de Max Jacobs; de Tristan Tzara; uma espécie de silhueta feminina em lápis sobre cartão - um "sem título" de 1963 de Jean Arp, mas não só. Surpreendi-me (nem sei bem explicar porquê...) com o sentido de perspectiva de um dos desenhos. mas já nem me lembro o nome do autor... ops! Na parte dedicada aos "Alucinados", gostei de ver Brion Gysin, especialmente o Plateau Beaubourg - Paris au clair de lune (1974). Na parte da "Poesia Sonora/ Poesia Visual", a minha escolha vai para Julien Blaine e o seu Poéme Élémentaire (1972), onde num vermelho intenso se lê:

tu es mon coeur
tu es ma fleur
tu es mes lèvres
tu es mon étoile
tu es mon feu
tu es ma revolution

O linguado exposto de Günter Grass também está entre os meus preferidos (estranhamente... não costuma ser um estilo que eu aprecie particularmente mas... gostei!). Faz parte das ilustrações para o romance com o mesmo nome - Der Butt, de 1977, que não li... (cá por casa, que eu saiba, só temos O Gato e o Rato) mas fica a imagem mais a abaixo.

Desta vez portei-me muitíssimo bem - sabe Deus quando voltarei a ter uma companhia tão boa assim!! - sem tropeções, nem nada. E o senhor dos óculos à Le Corbusier e do "désc-iulpe" de outros vernissages também estava por lá - correu tudo bem.


2 comentários:

Yin Zhen disse...

Tens que ler gunter grass... A escrita dele é tal e qual os seus desenhos, pormenorizada, excentrica, ridícula... Faz parte

Zoe disse...

Existe então uma continuidade entre os géneros...